domingo, 4 de julho de 2010

Quando o Julio Cesar chorou...



Ah, o futebol. É como diz o velho clichê “uma caixinha de surpresas”. Gosto desde pequena. Gosto não, amo. Aprendi em casa, é claro. Aprendi com minha mãe.

Sempre fui muito mais Flamengo do que seleção. Nacionalidade? Rubro-negra. Mas aí vem a Copa do Mundo. Rubro-negra? Muito. Brasileira? Enquanto o campeonato nacional para, posso até ser. Tô com um tempo livre mesmo.

Nunca fui de ídolos, nunca fui de colecionar revistas e pôsteres de cantores ou ídolos de adolescência. Não nego que idolatro o Zico, mas ele não conta, na minha religião, Flamengo, é obrigação ser devota dele. Mas aí de repente apareceu ele. Sua tarefa não era fazer os gols e sim evitá-los. Mas quem disse que goleiro não pode ser ídolo?

Ah, o futebol. Como diz o clichê “uma caixinha de surpresas”. Quem diria que a menina que não teve um backstreetboy favorito teria como ídolo um jogador de futebol. Foi quando ele apareceu: Julio Cesar. Com o manto sagrado e a luva na mão descobri: é desse que sou fã.

Alguns anos de Gávea e de repente mais uma vez: ah o futebol, essa caixinha de surpresas. Ele foi pra Itália. Chorei. Mas continuei torcendo. Sendo fã. Torci pra ser convocado pra seleção. Torci pra ser campeão italiano. Torci pra ser o titular nessa Copa. E tudo isso aconteceu.

Sempre fui mais Flamengo do que Seleção. Mas não to fazendo nada, que mal torcer nos jogos do Brasil também. Não ligo pra taça, já sou hexa mesmo. Mas ele tava lá. Se aprendi a gritar “sai que é sua Taffarel”, gritar “sai que sua Julio Cesar” é muito mais gostoso.

Copa da África. Ninguém acreditava na seleção do Dunga, mas o goleiro era com certeza unanimidade: o melhor do mundo. O meu ídolo. Nacionalidade? Rubro-negra. Mas é a Copa... Joguinhos burocráticos. Futebol mais de resultado do que de habilidade. E fomos passando. Chegamos as quartas de final. O fatídico dia: quando o Julio Cesar chorou.

A gente tinha a laranja pela frente. Nossa arrogância futebolística nos dizia: já ganhamos. O apito no final do primeiro tempo nos confirmava: já ganhamos. Mas o futebol, ah o futebol e seu velho clichê. Esquecemos que ainda tinha o segundo tempo, mas a danada da jabulani tratou de nos lembrar. 2x1 Holanda. Dava pra acreditar? Dava. Mas mesmo quem é muito mais Flamengo do que Seleção sente.

Quando meu time perde fico triste. Quando a seleção perde fico com raiva, sempre foi assim. Quando o apito final foi dado foi exatamente isso que senti: raiva. Do Dunga, do Felipe Melo, do Robinho, do Kaká, da Holanda, do Ricardo Teixeira que colocou o Dunga lá. Xinguei todo mundo. Reclamei do jogo. Mas aí de repente apareceu ele: meu ídolo. Chorando.

Foi aí, no momento em que o Julio Cesar chorou que eu lembrei que eu amava futebol. Foi quando ele chorou que eu entendi que eu ligo sim pra Seleção. Foi aí que eu chorei junto. Foi aí que eu percebi que eu chorava porque era fã dele sim, mas também porque naquele momento a raiva tinha virado tristeza. Foi aí, quando o Julio Cesar chorou que eu reformulei a resposta da pergunta. Nacionalidade? Rubro-brasileira.






domingo, 6 de setembro de 2009

Bate papo


- Tathi, Bianca, Fernando? Vocês ainda estão aqui. Que bom! Ué, mas e essa, quem é?
- Ah, é a Bruninha. Ganhei ano passado.
- Você ainda brinca com elas?
- Não, mas gosto de tê-las por perto. Quando eu estou triste gosto de saber que elas estão aqui.
- Ah, tá. E essas três na foto? Não me diga que são...
- São elas mesmas. Juliana, Luana e Patrícia. Elas ainda são minhas melhores amigas, ué.
- Elas tão diferentes. Aliás, você também. O cabelo tá mais escuro. Pintou?
- Não. Foi escurecendo com o tempo. Mas o olho continua da mesma cor. Lembra que a gente tinha medo que mudasse de cor?
- É verdade. Ainda perguntam se você quer trocar de olho?
- Não, já pararam com essa brincadeira há muito tempo. Ah, também não me chamam mais de Xuxinha e não cantam mais “loira burra” pra mim.
- Ainda bem, era muito chato isso. Por falar nisso. Esse negócio aqui é um diploma?
- É sim. E adivinha? Sou jornalista!
- Nem acredito. Nosso maior sonho. O primeiro da lista. Lembrei agora. E a natação?
- Não faço mais natação faz anos. Comecei a fazer street dance e depois que sai, não fiz mais nenhuma atividade assim.
- Vai ficar gorda assim. (risos). E nosso aniversário? Tá chegando! Vai tocar músicas da Xuxa, não vai?
- Da Xuxa? Não mesmo. Mas ainda tem o bolo de chocolate da vovó e muito brigadeiro.
- Não vai ter Xuxa? A gente vai dançar o que então?
- Funk. Mas fica tranqüila, eu ainda sei cantar o "Abecedário da Xuxa" e "Lua de cristal" ainda é uma das minhas favoritas.
- Funk. A gente não gostava disso. Só do Claudinho e Bochecha...
- Mas agora a gente gosta. Eu vou a bailes funk. Vou também à escolas de samba e muitas vezes ao Maracanã.
- Você se diverte nesses lugares?
- Bastante.
- Se você diz, então tá. É o que importa. Mas se você gosta de funk, não deve mais gostar daquela nossa música...
- Qual? Ah, já sei. A do papagaio louro? Claro que sim. E de tanto cantá-la, acabei tomando gosto por escrever cartas. E lembra quando passávamos pelo Valqueire aos domingos e lembrávamos daquela outra musiquinha? Ainda faço isso.
- E seu filme preferido, qual é?
- Não se lembra mais, é? Eu posso ter crescido, mas não dá pra roubar o lugar de “Esqueceram de mim”. Tá pensando o que de mim. Que eu mudei tanto assim?
- Pensei que sim. Mas pelo visto muita coisa continua igual. Você está descalça e tem um pote cheio de jujubas e outro com trakinas de chocolate. Parece que muita coisa ainda continua igual.
- Tem coisas que não mudam com a idade.
- Que bom. Posso te pedir uma coisa antes de ir?
- Claro. Peça.
- Lembra da listinha dos nossos sonhos? Ainda faltam dois. Promete que os realiza pra mim?
- Prometo que vou fazer o possível.
- Brigada. Agora tenho que ir. Já é tarde.
- Espera. Tenho que te contar uma coisa. Descobri que anjos da guarda existem de verdade.
- E eles são mesmo gordinhos e têm asas?
- Não, não. Eles são de carne e osso e aparecem em forma de melhor amigo.
- Você não tem um melhor amigo. Só melhor amiga.
- Agora tenho. E ele é meu anjo da guarda. A gente devia ter descoberto isso há mais tempo.
- Agora tenho que ir mesmo. Tô com sono.
- Uma última coisa. Você está indo pra onde? Onde você mora?
- Tem certeza que não sabe...

E com um sorrisinho no rosto e os pés descalços, ela se foi. Devia mesmo estar com sono, pois mexia na orelha. Ela sempre faz isso quando está com sono.
Depois disso acordei. Sorri e virei para o outro lado. Tinha descoberto onde a Camila criança morava. Mexi na orelha, estava com sono, já era muito tarde.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Bem mais do que a bola


“Futebol é mais do que a bola”. Ouvi essa frase numa propaganda na tv e fiquei pensado porque eu gosto tanto deste esporte. Gostar não, na verdade não gosto, eu amo! “Eu amo futebol”. Parando pra pensar assim é até estranho afirmar, pois amar, eu amo minha mãe, meu pai, minha irmã, minha vó, meus amigos e... o futebol.
Lembro que uma vez me disseram: que jogo mais idiota, um bando de homens correndo atrás de uma bola e quando a tem nos pés, tratam de chutá-la. Confesso que foi a definição mais absurda, no entanto, a mais detalhada sobre o que é o futebol. Cheguei a pensar que eu e outros tantos milhões de pessoas devemos ser completamente doidos por realmente gostar de ver 22 homens correndo atrás de uma bola pra depois chutá-la, mandá-la pra bem longe, mandá-la pra dentro das redes, e aí me lembrei porque gosto tanto deste esporte: o gol! Ah, o gol. Chega até a ser heresia escrever “gol” apenas, essa palavra deveria ser escrita assim “gooooooool”, com tantos “o”s fosse possível, porque pra quem ama futebol, assim como eu, não tem momento mais gostoso do que O GOL.
“Futebol é mais do que a bola”, e como é. Quando eu era pequena fui bailarina, nadadora, dancei street dance, até que descobri minha verdadeira paixão. Virei “boleira”. Não sei jogar. Minha habilidade com os pés ganha nota zero, mas por sorte, pra ser boleiro não precisa saber jogar. O único quesito necessário é a paixão e isso eu tenho de sobra. Paixão tamanha que virou amor.
Bem mais do que a bola. É bem verdade que ela é a estrela principal, é ela quem procuramos durante os 90 minutos de uma partida. Mas quem foi que disse que futebol se resume em 90 minutos?
Com minha mãe aprendi todas as regras. Sei o que é escanteio, impedimento, tiro de meta, lateral. Aprendi também as posições dos jogadores, sei a história do meu e de muitos outros times, sei o momento em que devo xingar o juiz, a hora de gritar “uhhh”, e aprendi direitinho que futebol é muito mais do que 90 minutos.
Muito mais do que a bola. Pra mim futebol é vestir a camisa do clube no dia seguinte a derrota; é acordar cedo na manhã depois da vitória pra comprar o jornal. Futebol é xingar o melhor amigo só porque ele torce pro time adversário, é abraçar desconhecido no estádio, é se arrepiar ao cantar o hino. Futebol é enfrentar horas de fila pra comprar ingresso e de bom humor; é acordar com enxaqueca porque seu time perdeu; é rir à toa porque ele ganhou. Futebol é ter camisa da sorte, poltrona da sorte, é fazer ritual antes da partida, é ter superstição, é fazer promessa.
Futebol é música, é dança, é samba, é palma, é grito, é xingamento, é ola, é pedir olé. Futebol é ídolo, é craque, é perna-de-pau, é zagueirão, é goleiraço, é frango, é gol de placa, é gol chorado. Futebol é eslástico, é lambreta, é passe de letra, é pedalada, é bicicleta, é caneta, é jogada ensaiada, é o feijão com arroz. Futebol é escudo no peito, é bandeira na mão, no carro, na janela, na mesinha do computador (olhei pra minha e lembrei).
Futebol é assistir a todas às mesas redondas antes e depois das partidas, é discutir com o motorista do ônibus, com o patrão ou com o jornaleiro se aquele lance foi ou não penalti, se o atacante estava ou não impedido e ter a certeza que o técnico do seu time é burro e fez a substituição errada. Futebol pra mim não são apenas 90 minutos, mas 365 dias por ano, com todos os minutos que tenho direito. E termino como comecei este texto: “Futebol é mais do que a bola”.


Dedico esta crônica a meu melhor amigo, André Luiz Barros, a quem um dia ainda convenço a virar "boleiro".

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Maldita mãozinha


Vai dizer que você nunca fez uma aposta consigo mesmo? Se muita gente responder que não, vou ter a certeza de que sou doida, mas acredito que a maioria das pessoas já fez isso.
Pois bem, como faço isso o tempo todo, a cada dia tenho um desafio novo pra mim. No entanto, tem um que se repete toda vez que preciso atravessar as quatro pistas da Avenida Presidente Vargas: ir de um lado ao outro antes da “mãozinha” aparecer. Isso mesmo. Sabe aquela mão em vermelho que aparece para avisar aos pedestres que o sinal vai fechar? Ela me deixa completamente doida. Eu nunca consegui chegar ao outro lado antes que ela começasse a piscar.
Coisa de maluco? Talvez. Só sei que eu levo muito a sério essa minha disputa com a maldita mãozinha. Passei um ano tendo que atravessar a Presidente Vargas pra chegar ao estágio e durante todo esse tempo ela parecia me desafiar.
Era o sinal ficar vermelho pra minha competição começar. O bonequinho verde amistoso aparecia e lá ia eu, concentrada no momento em que ele sairia de cena dando lugar a minha inimiga: a mãozinha. Eu não pensava em outra coisa toda vez que subia as escadas do metrô da Uruguaiana: hoje eu chego ao outro lado antes. Mas nunca consegui.
Minha necessidade de ganhar aquela disputa era tamanha que por vezes eu cheguei a dar uma corridinha. Mas havia muitos obstáculos no meu caminho. E nem eram pedras (antes fosse), eram pessoas mesmo. Sei que provavelmente ninguém ali tinha o mesmo objetivo que eu, mas todos, assim como eu, queriam de uma vez atravessar todas as pistas. E era isso o que me atrapalhava.
Como eu queria fazer todos sumirem dali e, por pelo menos uma vez, me deixarem atravessar sozinha. Ahhh, eu mostraria pra mãozinha que eu era mais rápida que ela. Ahhh, eu mostraria. Mas o contrário acontecia. Todos os dias, de segunda a sexta, sob chuva ou sol, véspera de feriado ou dia comum, estavam todos lá, me atrapalhando, ajudando-a a me vencer.
Confesso que em algumas ocasiões tentei trapacear. Meu plano era simples e na maioria das vezes infalível: eu descia da calçada com os carros ainda passando e quando o semáforo autorizava minha passagem, eu já estava alguns passoa à frente. Mas todas as vezes que cheguei ao outra lado desta forma, uma voz na minha cabeça me dizia “não valeu”. Houve vezes também que jogando limpo fiquei muito próxima da “vitória”, mas quando finalmente eu ia colocar o pé no meio-fio, lá vinha ela, debochada como sempre, piscando sem parar e parecia me dizer “eu sou mais rápida, otária”.
Sei que um ano se passou e eu não a venci. Nem sei se um dia eu vou conseguir. Na verdade não sei nem porque essas “derrotas” me incomodam tanto. Só sei que me sinto presa, parece que tiram meu direito de ir e vir, que aquela mãozinha piscando parece, na verdade, rir de mim.Mas deixo aqui registrado aqui, caso algum dia vocês virem uma pessoa comemorando na calçada da Avenida Presidente Vargas, é bem possível que seja eu, finalmente vitoriosa e satisfeita por ter vencido a maldita mãozinha.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Num dia frio...


Num dia frio, encontrei por acaso um bom lugar pra ler um livro. Lendo esta frase você deve estar se perguntando “e daí?”, afinal, bons lugares para se ler um livro tem de montão. Mas meu “bom lugar” neste caso foi um tanto quanto inusitado: a estação de trem de Marechal Hermes.
Sim, a charmosa estação de Marechal Hermes. Com suas telhas francesas e os azuleijos vindos da Alemanha. Do banco onde eu estava sentada, podia ver as grades que a separam da rua e das barraquinhas que nela são montadas. E dessas barraquinhas, vinha o cheirinho das tradicionais pipoca e batata-frita de Marechal. Dos auto falantes, uma música ambiente tranquilinha (nunca pensei que fosse gostar das músicas escolhidas pelo “dj” da Supervia), ou seja, um clima de cidade do interior que o bairro consegue transmitir.
Pra completar, aquele friozinho que cortava o final de tarde, que mais parecia noite, neste outono com cara de inverno aqui no Rio. Os trens passavam a todo o momento, pra lá e pra cá. Faziam barulho, claro, mas nem este barulho, nem a voz que anunciava “circulando para a estação Marechal Hermes, trem parador com destino a Deodoro” conseguia atrapalhar minha leitura.
Fiquei por lá uns 50 minutos. A leitura foi interrompida por duas vezes pra conversar com uns amigos que encontrei. Estava me sentindo em casa, e o banquinho da estação era meu sofá. Os trens passavam, minha plataforma se esvaziava, e logo voltava ficar cheia novamente. E eu continuava lá. Sentada, lendo, esperando. Não, não sou louca. Não fui pra lá apenas pra ler, estava esperando mesmo um trem. Trem pra Central. Vi muitos passarem, mas esperava por um amigo e enquanto ele não vinha, o deboche do Arnaldo Jabor me fez companhia. E que companhia. Ás vezes me pegava rindo sozinha, e então olhava para os lados pra ver se alguém me observava (afinal, podiam pensar que eu era maluca). Mas eu não estava nem aí. Naquele fim de tarde frio, eu definitivamente encontrei um bom lugar pra ler um livro. E recomendo: quando quiserem ler um livro ler, a estação de Marechal Hermes é O lugar.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Universidade é...



Universidade. Confesso que morria de medo dessa palavra, aliás, desse lugar. Antes de entrar pra uma pensava ser um outro mundo, algo surreal, algo dificílimo, onde as pessoas não são mais amigas umas das outras como no colégio, mas sim ficam concorrendo e competindo umas com as outras o tempo todo. Agora que estou a pouco tempo pra me formar posso dizer com convicção: universidade é um outro mundo mesmo, um lugar surreal, porém, um lugar mágico, incrível, surpreendente.

Universidade é acima de tudo aprender a conviver com os mais variados tipos de pessoas; de roqueiros muito roqueiros, passando pelo pessoal que faz o estilo “paz e amor”, as “patricinhas” e “mauricinhos”, o povo alternativo super estiloso e assim por diante, na universidade tem de tudo. Universidade são turmas lotadas em começo de período, quase vazias no meio e surpreendentemente cheias nos dias de prova, ao ponto de nos depararmos com pessoas que temos certeza que nunca vimos por lá; universidade é chegar atrasado às aulas; é matar aula pra ficar de papo na porta da classe ou pelo campus mesmo; é ter o e-mail e o celular dos professores pra ligar a qualquer hora; é ter um professor como ídolo e odiar outros; universidade é texto, muito texto pra ler; universidade é xerox, muita xerox; universidade é não ler nem metade dos textos que deveria; universidade é aquele lugar que às vezes parece shopping no Rio, cheio nos dias mais nublados e menos concorrido nos dias de sol; universidade é fila no elevador, na lanchonete, na xerox, nas secretarias.

Universidade é ter uma aula por dia, é ter dia sem aula, é ter todos os tempos cheios e ainda precisar escolher qual matéria fazer, é correr de uma sala pra outra, às vezes de um prédio pra outro; universidade é ter dias de completo estresse e outros de total relax; universidade é carregar a mochila cheia de livros ou levar apenas o celular e a caneta no bolso; universidade é passar noites e madrugadas estudando; universidade é deixar pra fazer o trabalho em cima da hora, é trabalho em grupo pelo msn; universidade é xerox, muita xerox; é vir estudando no ônibus, trem, barca, metrô, carro, seja como for; é ver as filas das xerox imensas nessas épocas de prova; é não ter tempo pra nada, mas fazer uma social no bar; universidade é bar, daqueles bem pé sujos, é choppada, é socilazinha seja onde for; universidade é angústia por estágio, é felicidade quando encontra um; universidade é almoçar qualquer besteira ou até comer de marmita.

Universidade é dar muitos “bom dias”, muitos “ois”, muitos “tchaus”; universidade é xerox, muita xerox, já falei isso, né?!?, mas é que são muitas mesmo; universidade é conversar sobre política, economia, futebol, o filme da sessão da tarde, o desenho animado preferido, sobre o preço do dólar, sobre o Big Brother, o galã da novela da 6 ou como a vilã das 8 é má; universidade é raxar o biscoito, o refrigerante, a bala; universidade é fazer planos, é querer viajar, fazer intercâmbio, sonhar com a pós, com o mestrado, doutorado, ou apenas ganhar logo o “canudo” pra agradar a mamãe, o papai e a vovó; universidade é aprender a amar a profissão que escolheu ou ter certeza que não era isso que você queria.

Universidade é fazer amigos, de infância mesmo, é fazer amigos só pra falar quando está lá e no máximo pelo orkut, é ter colegas, e se seu curso for jornalismo, “coleguinhas”, é ter aqueles conhecidos pra quem você sempre pergunta como vão as coisas e que te socorrem quando você falta a aula e seus amigos (os de infância) também faltaram; é fazer contatos, muitos contatos; universidade é conversar horrores durante algumas aulas e prestar uma atenção absurda em outras; é ter caderno mas não ter a matéria copiada, é anotar até que o professor espirrou a tal hora; universidade é xerox; universidade é compartilhar segredos, fofocas, historinhas, angústias, sonhos, medos, tristezas, alegrias, risadas, é dar muitos, muitos abraços; é pegar vários, ou várias; é encontrar o amor da sua vida.

A universidade foi pra mim o começo da vida adulta, a certeza de que eu quero mesmo seguir na profissão que escolhi, foi o lugar onde fiz grandes amigos, amigos, colegas, coleguinhas e contatos. Universidade foi o lugar onde mais me senti em casa desde que saí do colégio; universidade deixou de ser meu pesadelo, universidade vai ser um dos lugares dos quais mais vou sentir falta quando acabar. Universidade é lugar de intelectual, mas também de vagabundo. Universidade é xerox, muita xerox.