quinta-feira, 18 de junho de 2009

Num dia frio...


Num dia frio, encontrei por acaso um bom lugar pra ler um livro. Lendo esta frase você deve estar se perguntando “e daí?”, afinal, bons lugares para se ler um livro tem de montão. Mas meu “bom lugar” neste caso foi um tanto quanto inusitado: a estação de trem de Marechal Hermes.
Sim, a charmosa estação de Marechal Hermes. Com suas telhas francesas e os azuleijos vindos da Alemanha. Do banco onde eu estava sentada, podia ver as grades que a separam da rua e das barraquinhas que nela são montadas. E dessas barraquinhas, vinha o cheirinho das tradicionais pipoca e batata-frita de Marechal. Dos auto falantes, uma música ambiente tranquilinha (nunca pensei que fosse gostar das músicas escolhidas pelo “dj” da Supervia), ou seja, um clima de cidade do interior que o bairro consegue transmitir.
Pra completar, aquele friozinho que cortava o final de tarde, que mais parecia noite, neste outono com cara de inverno aqui no Rio. Os trens passavam a todo o momento, pra lá e pra cá. Faziam barulho, claro, mas nem este barulho, nem a voz que anunciava “circulando para a estação Marechal Hermes, trem parador com destino a Deodoro” conseguia atrapalhar minha leitura.
Fiquei por lá uns 50 minutos. A leitura foi interrompida por duas vezes pra conversar com uns amigos que encontrei. Estava me sentindo em casa, e o banquinho da estação era meu sofá. Os trens passavam, minha plataforma se esvaziava, e logo voltava ficar cheia novamente. E eu continuava lá. Sentada, lendo, esperando. Não, não sou louca. Não fui pra lá apenas pra ler, estava esperando mesmo um trem. Trem pra Central. Vi muitos passarem, mas esperava por um amigo e enquanto ele não vinha, o deboche do Arnaldo Jabor me fez companhia. E que companhia. Ás vezes me pegava rindo sozinha, e então olhava para os lados pra ver se alguém me observava (afinal, podiam pensar que eu era maluca). Mas eu não estava nem aí. Naquele fim de tarde frio, eu definitivamente encontrei um bom lugar pra ler um livro. E recomendo: quando quiserem ler um livro ler, a estação de Marechal Hermes é O lugar.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Universidade é...



Universidade. Confesso que morria de medo dessa palavra, aliás, desse lugar. Antes de entrar pra uma pensava ser um outro mundo, algo surreal, algo dificílimo, onde as pessoas não são mais amigas umas das outras como no colégio, mas sim ficam concorrendo e competindo umas com as outras o tempo todo. Agora que estou a pouco tempo pra me formar posso dizer com convicção: universidade é um outro mundo mesmo, um lugar surreal, porém, um lugar mágico, incrível, surpreendente.

Universidade é acima de tudo aprender a conviver com os mais variados tipos de pessoas; de roqueiros muito roqueiros, passando pelo pessoal que faz o estilo “paz e amor”, as “patricinhas” e “mauricinhos”, o povo alternativo super estiloso e assim por diante, na universidade tem de tudo. Universidade são turmas lotadas em começo de período, quase vazias no meio e surpreendentemente cheias nos dias de prova, ao ponto de nos depararmos com pessoas que temos certeza que nunca vimos por lá; universidade é chegar atrasado às aulas; é matar aula pra ficar de papo na porta da classe ou pelo campus mesmo; é ter o e-mail e o celular dos professores pra ligar a qualquer hora; é ter um professor como ídolo e odiar outros; universidade é texto, muito texto pra ler; universidade é xerox, muita xerox; universidade é não ler nem metade dos textos que deveria; universidade é aquele lugar que às vezes parece shopping no Rio, cheio nos dias mais nublados e menos concorrido nos dias de sol; universidade é fila no elevador, na lanchonete, na xerox, nas secretarias.

Universidade é ter uma aula por dia, é ter dia sem aula, é ter todos os tempos cheios e ainda precisar escolher qual matéria fazer, é correr de uma sala pra outra, às vezes de um prédio pra outro; universidade é ter dias de completo estresse e outros de total relax; universidade é carregar a mochila cheia de livros ou levar apenas o celular e a caneta no bolso; universidade é passar noites e madrugadas estudando; universidade é deixar pra fazer o trabalho em cima da hora, é trabalho em grupo pelo msn; universidade é xerox, muita xerox; é vir estudando no ônibus, trem, barca, metrô, carro, seja como for; é ver as filas das xerox imensas nessas épocas de prova; é não ter tempo pra nada, mas fazer uma social no bar; universidade é bar, daqueles bem pé sujos, é choppada, é socilazinha seja onde for; universidade é angústia por estágio, é felicidade quando encontra um; universidade é almoçar qualquer besteira ou até comer de marmita.

Universidade é dar muitos “bom dias”, muitos “ois”, muitos “tchaus”; universidade é xerox, muita xerox, já falei isso, né?!?, mas é que são muitas mesmo; universidade é conversar sobre política, economia, futebol, o filme da sessão da tarde, o desenho animado preferido, sobre o preço do dólar, sobre o Big Brother, o galã da novela da 6 ou como a vilã das 8 é má; universidade é raxar o biscoito, o refrigerante, a bala; universidade é fazer planos, é querer viajar, fazer intercâmbio, sonhar com a pós, com o mestrado, doutorado, ou apenas ganhar logo o “canudo” pra agradar a mamãe, o papai e a vovó; universidade é aprender a amar a profissão que escolheu ou ter certeza que não era isso que você queria.

Universidade é fazer amigos, de infância mesmo, é fazer amigos só pra falar quando está lá e no máximo pelo orkut, é ter colegas, e se seu curso for jornalismo, “coleguinhas”, é ter aqueles conhecidos pra quem você sempre pergunta como vão as coisas e que te socorrem quando você falta a aula e seus amigos (os de infância) também faltaram; é fazer contatos, muitos contatos; universidade é conversar horrores durante algumas aulas e prestar uma atenção absurda em outras; é ter caderno mas não ter a matéria copiada, é anotar até que o professor espirrou a tal hora; universidade é xerox; universidade é compartilhar segredos, fofocas, historinhas, angústias, sonhos, medos, tristezas, alegrias, risadas, é dar muitos, muitos abraços; é pegar vários, ou várias; é encontrar o amor da sua vida.

A universidade foi pra mim o começo da vida adulta, a certeza de que eu quero mesmo seguir na profissão que escolhi, foi o lugar onde fiz grandes amigos, amigos, colegas, coleguinhas e contatos. Universidade foi o lugar onde mais me senti em casa desde que saí do colégio; universidade deixou de ser meu pesadelo, universidade vai ser um dos lugares dos quais mais vou sentir falta quando acabar. Universidade é lugar de intelectual, mas também de vagabundo. Universidade é xerox, muita xerox.